terça-feira, 22 de novembro de 2016

Questões sobre Arcadismo

1. Assinale o que não se refere ao Arcadismo:
a) Época do Iluminismo (século XVIII) – Racionalismo, clareza, simplicidade.
b) Volta aos princípios clássicos greco-romanos e renascentistas (o belo, o bem, a verdade, a perfeição, a imitação da natureza).
c) Ornamentação estilística, predomínio da ordem inversa, excesso de figuras.
d) Pastoralismo, bucolismo suaves idílios campestres.
e) Apóia-se em temas clássicos e tem como lema: inutilia truncat (“corta o que é inútil”).
 2. (UFPR) Leia o poema abaixo:
“Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,Que vive de guardar alheio gado;De tosco trato, de expressões grosseiro,Dos frios gelado e dos sóis queimado.Tenho próprio casal e nele assistoDá-me vinho, legume, fruta, azeite;Das brancas ovelhinhas tiro o leite,E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,Graças à minha Estrela!”
O texto tem traços que caracterizam o período literário ao qual pertence. Uma qualidade patente nesta estrofe é:
a) o bucolismo;

b) o misticismo;
c) o nacionalismo;
d) o regionalismo;
e) o indianismo.
 3. (UFSC) Considere as afirmativas sobre Barroco e o Arcadismo:
1. Simplificação da língua literária – ordem direta – imitação dos antigos gregos e romanos.
2. Valorização dos sentidos – imaginação exaltada – emprego dos vocábulos raros.
3. Vida campestre idealizada como verdadeiro estado de poesia-clareza-harmonia.
4. Emprego frequente de trocadilhos e de perífrases – malabarismos verbais – oratória.
5. Sugestões de luz, cor e som – antítese entre a vida e a morte – espírito cristão antiterreno
Assinale a opção que só contém afirmativas sobre o Arcadismo:
a) 1, 4 e 5
b) 2, 3 e 5
c) 2, 4 e 5
d) 1 e 3
e) 1, 2 e 5
 4. (Santa Casa SP)
Texto I“É a vaidade, Fábio, nesta vida,Rosa, que da manhã lisonjeada,Púrpuras mil, com ambição dourada,Airosa rompe, arrasta presumida.”
Texto II“Depois que nos ferir a mão da morte,
ou seja neste monte, ou noutra serra,
nossos corpos terão, terão a sorte
de consumir os dous a mesma terra.”
O texto I é barroco; o texto II é arcádico. Comparando-os, é possível afirmar que os árcades optaram por uma expressão:
a) impessoal e, portanto, diferenciada do sentimentalismo barroco, em que o mundo exterior era projeção do caos interior do poeta.
b) despojada das ousadias sintáticas da estética anterior, com predomínio da ordem direta e de vocábulos de uso corrente. 
c) que aprofunda o naturalismo da expressão barroca, fazendo que o poeta assuma posição eminentemente impessoal.
d) em que predominam, diferentemente do Barroco, a antítese, a hipérbole, a conotação poderosa.
e) em que a quantidade de metáforas e de torneios de linguagem supera a tendência denotativa do Barroco.

GABARITO
1. C
Comentários/Resolução/Passo-a-passo:
A escola árcade tinha seu contexto histórico no século XVIII, período em que há uma alteração significativa sobre o comportamento humano com o predomínio da visão antropocêntrica e a liberdade de expressão, junto às influências culturais e científicas do Renascimento, o que confirma as alternativas A e B.  Além disso, na temática árcade percebemos um cultivo ao sentimento pastoril e uma forte relação do homem com o ambiente campestre, o que aborda um contraste com o cenário urbano, descrito pelos árcades como um ambiente que influencia os indivíduos à valorização de bens materiais, o que torna o ambiente urbano um cenário conturbado e caótico. O lema árcade “Inutilia Truncat” aborda essa relação, pois cortando o inútil, no caso, os desejos supérfluos, há uma valorização da simplicidade e, consequentemente, uma vida mais feliz, de forma que também confirma as alternativas D e E. Já na letra C, essas características fazem referência à estética literária do Barroco.

2. A
Comentários/Resolução/Passo-a-passo:
As alternativas B, C, D e E não fazem relação com a estética árcade, uma vez que o misticismo só surge na temática literária em meados do século XIX, e não há características de predomínio nacionalista. Ademais, no poema, há a presença do convencionalismo amoroso, aspecto presente na literatura árcade e o eu lírico não aprofunda uma descrição de uma região específica, tampouco explora sobre o tema indianista. Com isso, percebemos que a letra A aborda sobre a qualidade do bucolismo, que consiste na referência ao ambiente campestre e na simplicidade da vida no campo, mas que pode proporcionar a felicidade pelos pequenos momentos.

3. D
 Comentários/Resolução/Passo-a-passo:
Dado o entendimento do enunciado, as alternativas podem conter informações sobre o período Barroco. Percebemos esses aspectos nos itens 2, 4 e 5 (correspondente às letras A, B, C e E). No barroco, devido à dualidade de pensamentos entre as visões teocêntrica e antropocêntrica, há uma oposição entre os ideais do eu lírico, com isso, percebemos a presença de trocadilhos e figuras de linguagem como antítese e paradoxo, que expressam o contraste dessas ideias. Além disso, na linguagem barroca, há uma valorização sobre a norma culta e erudita, com a presença de vocábulos raros. Já na letra D, os itens 1 e 3 abordam sobre as características árcades, uma vez que há uma valorização sobre as influências renascentistas e a predominância da harmonização de ideias, como também a presença de um vocabulário mais simples.


4. B
Comentários/Resolução/Passo-a-passo: O texto barroco faz uso do predomínio de figuras de linguagem, carregando um alto valor subjetivo, como também a presença de uma linguagem mais rebuscada. Já o arcadismo busca um discurso mais objetivo, junto a uma harmonização de ideias e uma linguagem mais simples, o que confirma a letra B. As outras alternativas (A, C, D e E) cultivam aspectos presentes na literatura barroca, escola anterior à literatura árcade.
Fonte: https://descomplica.com.br/blog/exercicios-resolvidos/questao-comentada-arcadismo/
Caio Eiras e Bruno Coutinho

sábado, 19 de novembro de 2016

Cláudio Manuel da Costa - Arcadismo

Vila Rica - Canto VII

"Ouve Garcia o canto, e não atina
 De onde tanto prodígio,mas de Eulina
 A delicada face está patente:
 Fita os olhos, e vê desde a corrente
 Lançar a mão à praia a Ninfa bela,
 Toma uma areia de ouro, e já com ela
 Pulveriza os cabelos: neste instantes,
 O sonho de Albuquerque o faz avante
 Passar, os braços abre, a Ninfa chama;
 Ela o vê, e não teme, e já se inflama
 De amor por ele: aos braços o convida,
 E abrindo o seio o rio,uma luzida
 Urna de fino mármore os sepulta
 Recebendo-os em si: ficou oculta
 A maravilhosa a quantos o acompanham.
 Em busca de Garcia já se estranham
 Pelo matos mais densos; mas perdida
 A esperança de achá-lo e recolhida
 Volta ao herói a esquadra aventureira."

                                                                                                          Cláudio Manuel da Costa 

Análise 

Poema Vila Rica teve uma estrutura realizada quando Albuquerque começa sua viagem pelo interior de Minas e fica diante de desconhecidos, mas a medida que conhece os segredos da terra, descobre o lugar ideal para fundar sua cidade.
 O poema, vem a desnortear o leitor pela construção de várias narrativas que de súbito se interrompem, mas depois retomam o fio.
 O poema tem um enredo que foge dos padrões clássicos, exatamente por te uma estrutura de rapsódia.
   Analisamos que a bela Ninfa trai o Garcia o aventureiro e o mata com seu canto, sua beleza , que desaparece enquanto a esquadra continua a sua procura pelos  matos mais densos sem saber que ele já estava perdido e morto nos braços dela nas águas .
   Então, percebemos  que Ninfa é uma figura mitológica que tem semelhança com o mito indígena da mãe d'água , que encanta Garcia e o leva para o fundo do mar.
 Podemos  observa as seguintes características: a objetividade ; pastoralismo os poemas do arcadismo apresenta clareza na leitura, uma escrita mais simples; no arcadismo tem também a expressão em latim bem usada '' Inutilia truncat" que significa "corte o inútil" e retira os excessos que eram praticados no Barroco.
   
                                                                                                   Lafânia Xavier 

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Paródia - Arcadismo

Achamos uma paródia muito maneira e interessante sobre o Arcadismo. Vale a pena assistir!


Ela foi encontrada no seguinte link:  https://www.youtube.com/watch?v=KaKOcHCHgT4

Vinícius Valadão

Tomás Antônio Gonzaga - Arcadismo

Lira XIV

Minha bela Marília, tudo passa;
A sorte deste mundo é mal segura;
Se vem depois dos males a ventura,
Vem depois dos prazeres a desgraça.
Então os mesmos Deuses
Sujeitos ao poder ímpio Fado:
Apolo já fugiu do Céu brilhante,
Já foi Pastor de gado. (...)

Que havemos de esperar, Marília bela ?
Que vão passando os florescentes dias ?
As glórias, que vêm tarde, já vêm frias;
E pode enfim mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que faça
O estrago de roubar ao corpo as forças
E ao semblante a graça.
Tomás Antônio Gonzaga

Análise

Ao lermos a Lira XIV de Gonzaga, podemos perceber que o autor quer nos dizer que tudo passa, isso é mostrado em vários trechos, por exemplo: "Apolo já fugiu do Céu brilhante". Quando fala sobre Apolo, ele está re referindo ao Sol e quando diz que ele fugiu, está dizendo que o Sol já se pôs. 
Também nesse poema, podemos destacar algumas características do Arcadismo como a inspiração grego-romana e a idealização da mulher amada.

Bruno Coutinho

domingo, 13 de novembro de 2016

Jogos - Arcadismo

Adivinha

Esta adivinha tem por objetivo auxiliar no aprendizado do conteúdo relacionado ao tema Arcadismo.

- É uma escola literária surgida na Europa no século XVIII, também denominada de setecentismo ou neoclassicismo.
- Gênero literário predominante durante o Arcadismo português.
- Nome pelo qual o Arcadismo também ficou conhecido.
- Cidade onde se originou o Arcadismo brasileiro.
- O nome "arcadismo" é uma referência à...
- Pseudônimo pastoral de Tomás Antônio Gonzaga.
- Academia que deu início ao movimento árcade em Portugal. Arcádia ________.


Banco de Respostas: arcadismo, poesia, neoclassicismo, Vila Rica, Arcádia, Dirceu, Lusitana. 

Fonte: http://www.imagem.eti.br/palavras-cruzadas/palavras-cruzadas-arcadismo-portugues-estudo.php

Vinícius Valadão

sábado, 12 de novembro de 2016

Frei José de Santa Rita Durão - Arcadismo

Estrofes de "Caramuru"

CANTO I

XXIX

Barbárie foi (se crê) da antiga idade
A própria prole devorar nascida;
Desde que essa cruel voracidade
Fora ao velho Saturno atribuída:
Fingimento por fim, mas é em verdade
Invenção do diabólico homicida,
Que uns cá se matam, e outros lá se comem:
Tanto aborrece aquela fúria ao homem.

CANTO II

XXVI

Acesa luz na lôbrega caverna,
Vê-se o que Diogo ali da nau levara;
Roupas, armas, e, em partes mais interna,
A pólvora em barris, que transportara,
Tudo vão vendo à luz de uma lanterna,
Sem que o apeteça a gente nada avara,
Ouro, e prata, que a inveja não lhe atiça:
Naçao feliz! que ignora o que é cobiça.

CANTO VII

XXXI

Nas comestíveis ervas é louvada
O Quiabo, O Jiló, os Maxixeres,
A Maniçoba peitoral prezada, 
A Taioba agradável nos comeres:
O palmito de folha delicada, 
E outras mil ervas, que usar quiseres
Acharás na opulenta natureza
Sempre com mimo preparada a mesa. 
Santa Rita Durão

Análise

Acima encontramos estrofes de "Caramuru" (Poema épico do descobrimento da Bahia) que é o trabalho mais conhecido de Frei José. Essa obra é composta por 10 cantos, sendo esses divididos em estrofes que possuem 8 versos cada como podemos perceber.
A história se passa no momento em que os primeiros portugueses chegaram ao Brasil e travaram contato com os nativos: índios.
O enredo gira em torno do personagem Diogo Álvares que foi capturado juntamente com outros companheiros por uma tribo antropofágica. Porém, ao decorrer da história essa tribo é atacada por uma aldeia e Diogo se aproveita da situação, fazendo com que essa aldeia creia que ele é filho de um deus. Então ele deixa de ser prisioneiro, ganha a confiança da nova tribo, guerreia com ela e até mesmo consegue voltar a Europa para poder se casar com Paraguaçu, que era prometida a Gupeva, índio que lutou com Diogo contra a tribo que manteve o português como prisioneiro.
Características árcades nas estrofes:
Na primeira estrofe (XXIX), podemos perceber a referência feita aos valores da cultura grego-romana, em que relembra o deus do tempo, Saturno, cuja lenda diz que ele comia sua prole para que nenhum deles se tornasse deus dos deuses. O eu-lírico faz essa referência devido à antropofagia indígena.
Na segunda estrofe (XXIX), o eu-lírico ressalta a simplicidade dos índios que vivem em harmonia sem grandes bens materiais, que não sentem inveja de Diogo por ele possuir vários artefatos e outros bens. Creio que o eu-lírico sente admiração por esse povo ao dizer "Naçao feliz! que ignora o que é cobiça."
E na terceira estrofe (XXXI), notamos a valorização da natureza por conta da descrição das maravilhas naturais brasileiras.
Frei José nos mostra como o índio pode ser racionalizado, assim como aconteceu com Paraguaçu que mudou seu nome para Catarina, através da intervenção europeia, visto que não podemos nos esquecer de que o Arcadismo em si veio de um momento de mudanças como, por exemplo: a ascensão do iluminismo.

Diana Simen de Freitas



Cartas Chilenas - Arcadismo

Cartas Chilenas

Resultado de imagem para cartas chilenasDe Tomás Antônio Gonzaga, Cartas Chilenas é um conjunto de treze poemas escritos em versos decassílabos e em branco (sem rimas),que circularam por Vila Rica pouco antes da Inconfidência Mineira, em 1787 e 1788. A linguagem utilizada é satírica, irônica e, por vezes, até agressiva. Durante muito tempo, estudiosos pesquisaram sobre o autor da obra, pois ela está em anonimato. Porém, hoje já temos mais informações.
Infelizmente, das treze cartas, apenas seis estão completas, enquanto sete só restaram fragmentos.
Ela gira em torno da injustiça, da corrupção, da tirania, abusos de poder, má administração do governo, cobrança de altos impostos, narcisismo dos governantes e os casos de nepotismo (favorecimento dos vínculos de parentescos nas relações políticas), todos eles em Vila Rica. No entanto, a cidade é descrita como Santiago. Minas Gerais como Chile. E Portugal como Espanha. As mudanças não param por aí, pois os nomes dos personagens também são trocados. Gonzaga, o remetente, na obra é chamado de Critilo. Cláudio Manuel da Costa, o destinatário, é Doroteu. E Luís Cunha Menezes, o governador, é Fanfarrão Minésio.
Além de suas críticas, as Cartas Chilenas apresentam um interessante quadro dos costumes da época e um registro de que a corrupção estava aqui presente desde os tempos de colônia.


Sobre as cartas


Carta 1.ª: Em que se descreve a entrada que fez Fanfarrão em Chile.

"Amigo Doroteu, prezado amigo,
Abre os olhos, boceja, estende os braços
E limpa das pestanas carregadas
O pegajoso humor, que o sono ajunta.
Critilo, o teu Critilo é quem te chama;
Ergue a cabeça da engomada fronha
Acorda, se ouvir queres coisas raras, (...)"
                                                              
"Ah! pobre Chile, que desgraça esperas!
Quanto melhor te fora se sentisses
As pragas, que no Egito se choraram,
Do que veres que sobe ao teu governo
Carrancudo casquilho, a quem rodeiam
Os néscios, os marotos e os peraltas!
Seguido, pois, dos grandes entra o chefe
No nosso Santiago, junto à noite.
À casa me recolho e cheio destas
Tristíssimas imagens, no discurso
Mil coisas feias, sem querer, revolvo.
Por ver se a dor divirto, vou sentar-me
Na janela da sala e ao ar levanto
Os olhos já molhados. Céus, que vejo!
Não vejo estrelas que, serenas, brilhem,
Nem vejo a lua que prateia os mares:
Vejo um grande cometa, a quem os doutos
Caudato apelidaram. Este cobre
A terra toda co' disforme rabo."

Podemos perceber que é apresentado ao leitor o novo governante, Fanfarrão, e é nítido que o remetente deixa claro que Fanfarrão é inadequado para exercer tal cargo. Nessa carta tudo gira em torno da chegada do governador em Santiago (Vila Rica) e sua prepotência ao tratar as pessoas da região.

Carta 2.ª: Em que se mostra a piedade que Fanfarrão fingiu no princípio do seu governo, para chamar a si todos os negócios. Descrição sobre a centralização dos negócios do governo.

Carta 3.ª: Em que se contam as injustiças e violências que Fanfarrão executou por causa de uma cadeia, a que deu princípio.


"Agora, Doroteu, ninguém passeia,
Todos em casa estão, e todos buscam
Divertir a tristeza, que nos peitos
Infunde a tarde, mais que a noite feia. (...)"

"Pretende, Doroteu, o nosso chefe
Erguer uma cadeia majestosa,
Que possa escurecer a velha fama
Da torre de Babel e mais dos grandes,
Custosos edifícios que fizeram,
Para sepulcros seus, os reis do Egito."


É relatado as injustiças feitas por causa da construção de uma cadeia, sendo esta tida como inadequada para a região por ter sido erguida pela mão de obra escrava. Também é observado o tratamento de Fanfarrão para com os habitantes daquela região, que eram humilhados e desprezados por ele.

Carta 4.ª: Em que se continua a mesma matéria. Descrição de injustiças e violências do governador.

Carta 5.ª: Em que se contam as desordens feitas nas festas que se celebraram nos desposórios do nosso sereníssimo infante com a sereníssima infanta de Portugal. Festa de casamento do governador.

Carta 6.ª: Em que se conta o resto dos festejos. Descrição sobre as confusões causadas na festa de casamento.

Carta 7.ª: Sem subtítulo, a sétima carta aponta sobre as decisões do governador fanfarrão.

Maldito, Doroteu, maldito seja
O pai de Fanfarrão, que deu ao mundo,
Ao mundo literário tanta perda,
Criando ao hábil filho numa corte,
Qual morgado, que habita em pobre aldeia!


É mostrado a ignorância de Fanfarrão que desperta ódio ao transgredir as leis que regulam a concessão de áreas para extração de ouro, trazendo benefícios a quem convém e malefícios a quem deseja proceder corretamente.

Carta 8.ª: Em que se trata da venda dos despachos e contratos. De maneira irônica, o autor descreve sobre as corrupções do governador.

Carta 9.ª: Em que se contam as desordens que Fanfarrão obrou no governo das tropas. Descrição das desordens do governo.

Carta 10.ª: Em que contam as desordens maiores que Fanfarrão fez no seu governo. Como sequência da nona carta, o autor descreve as maiores desordens do governo.

Carta 11.ª: Em que se contam as brejeirices de Fanfarrão. Descrição dos métodos maliciosos do governador.

Carta 12.ª: Sem subtítulo, a décima carta aponta para o nepotismo do governo, ou seja, o favorecimento de pessoas próximas ao governador.

Carta 13.ª: Sem subtítulo, a última carta ficou inacabada. No trecho existente, o autor descreve sobre o sistema e a perversidade do governo.

Fontes: https://www.todamateria.com.br/cartas-chilenas/
             https://www.algosobre.com.br/resumos-literarios/cartas-chilenas.html
             http://www.soliteratura.com.br/arcadismo/arcadismo03.php


Diana Simen e Vinícius Valadão

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Biografia - Basílio da Gama

Basílio da Gama (1741-1795)
Resultado de imagem para Basilio da gamaFoi um poeta brasileiro, autor do poema épico “Uruguai”, considerado a melhor realização no gênero épico no Arcadismo brasileiro. É patrono da cadeira n.4 da Academia Brasileira de Letras.
José Basílio da Gama (1741-1795) nasceu no arraial de São José dos Rios da Morte, hoje Tiradentes, em Minas Gerais, no dia 08 de abril de 1741. Ficando órfão muito cedo, foi educado no Colégio dos Jesuítas, no Rio de Janeiro. Era noviço e pretendia ingressar na carreira eclesiástica.
Em 1759, após a expulsão dos padres da Companhia de Jesus dos domínios portugueses, pelo Marques de Pombal, viaja para a Itália onde completa seus estudos. Em Roma, construiu uma carreira literária e ingressou na Arcádia Romana, assumindo o pseudônimo de Termindo Sipílio, uma conquista única entre os brasileiros da época.
Em 1765, Basílio da Gama escreve “Ode a Dom José I”, rei de Portugal. Em 1767, voltou ao Rio de Janeiro e no ano seguinte foi preso, acusado de ter amizade com os jesuítas. De acordo com um decreto recente, qualquer pessoa que tivesse mantido comunicação com os jesuítas, deveria ficar exilada durante oito anos em Angola.
Preso, Basílio da Gama foi levado para Lisboa, mas livra-se da pena ao escrever um poema exaltando o casamento da filha do Marques de Pombal “Epitalâmio às Núpcias da Sra. D. Maria Amália” (1769), sendo ainda agraciado com a função de Oficial da Secretaria do Reino.
Nesse mesmo ano publica a poesia épica “Uruguai” (1769), uma obra-prima em que se encontram alguns dos mais apreciáveis versos da língua portuguesa, que tem como tema a luta de portugueses e espanhóis contra os índios de Sete Povos das Missões, instalados nas missões jesuítas no atual Rio Grande do Sul, que não queriam aceitar as decisões do Tratado de Madri, que delimitava as fronteiras do sul do Brasil.
Basílio da Gama soube como poucos transformar política em poesia. Em 1776 publica “Os Campos Elíseos” um poema em que se exaltam supostas virtudes cívicas de membros da família de Sebastião José. Em 1788, lastima a morte de Dom José, em “Lenitivo da Saudade”.
Basílio da Gama foi admitido na Academia das Ciências de Lisboa, e sua última publicação foi “Quitúbia” (1791), um poema épico celebrando um chefe africano que auxiliou a colônia na guerra contra os holandeses.
Basílio da Gama morreu em Lisboa, Portugal, no dia 31 de julho de 1795.

Obras de Basílio da Gama

Ode a D. José I, 1765
Ode ao Conde da Cunha, 1769
Epitalâmio às Núpcias da Sra. D. Maria Amália, 1769
Uruguai, 1769
A Declamação Trágica, 1776
Os Campos Elíseos, 1776
Lenitivo da Saudade, 1788
Quitúbia, 1791
Fonte: https://www.ebiografia.com/basilio_gama/
Edvânya Borduam, Lafânia Xavier e Luciliana Queiroz.

Biografia - Santa Rita Durão

Santa Rita Durão (1722-1784)
Resultado de imagem para Santa Rita Durão

Foi um religioso brasileiro. Poeta e orador foi um dos grandes representantes da poesia épica brasileira na época da colonização.
Santa Rita Durão ou Frei José de Santa Rita Durão (1722-1784) nasceu em Cata Preta, nos arredores de Mariana, em Minas Gerais, no ano de 1722. Estudou com os jesuítas no Rio de Janeiro. Foi pra um seminário na Europa e nunca mais voltou ao Brasil.
Santa Rita Durão formou-se em Filosofia e Teologia pela Universidade de Coimbra, alcançando o título de doutor. Durante a repressão do “período pombalino”, Durão foi para a Itália onde passou vinte anos. De volta a Coimbra, após a reforma realizada pelo Marquês de Pombal, passou a lecionar Teologia na Universidade de Coimbra e posteriormente foi nomeado Reitor da mesma Universidade.
Em homenagem à sua terra natal, o Brasil, escreveu o poema épico tomando como tema central a lenda de Diogo Álvares Correia, o “Caramuru” (filho do trovão). O poema “Caramuru” conta a história da Bahia e o retrato do descobrimento do Brasil nos primeiros momentos da chegada dos colonizadores.
O poema épico “Caramuru” (1781) foi dedicado a D. José I, a quem solicita atenção ao Brasil e aos indígenas. Para realização de sua obra pede inspiração a Deus. O poema épico é composto de cinco partes e refere-se ao naufrágio, salvamento e aventuras de Diogo, denominado “Caramuru” pelos índios Tupinambás.
Conta a lenda que Diogo Álvares Correia, tendo naufragado nas costas do Brasil com alguns companheiros, foi recolhido pelos índios, que maravilhados com sua espingarda, evitaram sua morte e lhe deram posição de respeito na tribo. Amou muitas índias, mas Moema foi a sua amante mais ardente. Os indígenas lhe conferem poderes sobrenaturais e destinam-lhe Paraguaçu como esposa. Na partida do navio que o levava para Paris, uma multidão de índias se atira nas águas chamando e lamentando a partida do amante. Moema, mais furiosa e desesperada agarra-se no leme, amaldiçoa Diogo e Paraguaçu, desfalece e desaparece nas águas.
A composição, escrita no estilo de Luís de Camões, é de caráter informativo, constituindo-se num verdadeiro registro histórico dos usos, costumes, crenças e temperamento dos índios brasileiros. A obra é preenchida com descrições sobre o Brasil, sua exótica paisagem da natureza tropical e suas riquezas. Conta-se que a obra não foi bem recebida e que Durão destruiu várias poesias líricas já terminadas.
Santa Rita Durão faleceu em Lisboa, Portugal, no dia 24 de janeiro de 1784.

Fonte: https://www.ebiografia.com/santa_rita_dur_o/


Edvânya Borduam, Lafânia Xavier e Luciliana Queiroz.

Biografia - Tomás Antônio Gonzaga

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)
Resultado de imagem para tomas antonio gonzaga
Foi um poeta português. Seu livro "Marília de Dirceu" é uma obra poética em que relata seu amor por Maria Doroteia. Por seu envolvimento na Inconfidência Mineira, foi preso e deportado para a África.
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) nasceu em Porto, Portugal, no ano de 1744. Seu pai era um magistrado brasileiro. Quando retornou ao Brasil, como Ouvidor de Pernambuco, Tomás estava com sete anos de idade. Iniciou seus estudos com os jesuítas na Bahia, até 1761. Com 17 anos foi estudar na Universidade de Coimbra. Já formado em Direito, redigiu uma tese para habilitar-se ao cargo de professor, hoje publicada como "Tratado de Direito Natural.
Em 1782, Tomás retorna ao Brasil, como Ouvidor de Vila Rica. Em 1786 é nomeado Desembargador para a Bahia, mas adiou o quanto pode essa transferência. Estava apaixonado pela jovem mineira, de 17 anos, Maria Joaquina Doroteia de Seixas Brandão.
Tomás participava das reuniões dos inconfidentes, que tinham como objetivo libertar a colônia do domínio econômico português. A conspiração era realizada por pessoas da elite econômica, onde se destacava a presença de padres e letrados, entre eles Tomás Antônio Gonzaga. Foi delatado, preso e levado para o Rio de Janeiro, onde ficou até 1792. Nesse mesmo ano publica a primeira parte do livro, Marília de Dirceu, que vinha compondo nos bons tempos em Vila Rica.
Na primeira parte do livro, o poeta fala do amor, canta as experiências de uma vida simples, em contato com a natureza, ao lado de seus amigos pastores e de sua querida pastora Marília. Seus poemas estavam de acordo com a expressão do Arcadismo, cuja proposta era o retorno à ordem natural, em que a natureza adquire um sentido de simplicidade, harmonia e verdade, como nesse trecho de Marília e Dirceu: "Enquanto pasta alegre o manso gado,/Minha bela Marília, nos sentemos/À sombra deste cedro levantado./Um pouco meditemos/Na regular beleza,/Que em tudo quanto vive nos descobre/A sábia Natureza".
Ainda em 1792, Gonzaga é deportado para Moçambique. A segunda parte do livro, foi escrita e publicada quando ainda estava na prisão, em 1799. Nesses textos, o tom é outro, o poeta se lamenta do destino, afirmando sua inocência e queixando-se das saudades de "Marília" e da liberdade: "Que diversas que são, Marília, as horas,/Que passo na masmorra imunda e feia,/Dessas horas felizes, já passadas/Na tua pátria aldeia!".
O poeta escreveu ainda "Cartas Chilenas", uma sátira manuscrita, em versos, que circulou anonimamente em Vila Rica. Através de estudos, confirmou-se que era de Gonzaga. Nele a figura do governador da capitania de Minas, Luís da Cunha Meneses, é ridicularizado, por suas arbitrariedades. O nome das pessoas e dos lugares são trocados. Minas Gerais é Chile; Vila Rica é Santiago; o autor é Critilo. A obra só foi publicada em 1845.
Tomás Antônio Gonzaga morreu em Moçambique, África, no ano de 1810.
Encontrado em: https://www.ebiografia.com/tomas_antonio_gonzaga/
Edvânya Borduam, Lafânia Xavier e Luciliana Queiroz.

Biografia - Cláudio Manuel da Costa

Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)
Resultado de imagem para claudio manuel da costa
Foi um poeta do Brasil colônia. Um dos maiores poetas do arcadismo, escola literária trazida da Europa, que valorizava a vida no campo e os elementos da natureza. Homem culto conhecedor de Camões e Petrarca, deixou uma obra literária muito rica. Foi aluno da Universidade de Coimbra. Sua carreira literária teve início com a publicação do livro "Obras Poéticas". Tornou-se conhecido também por sua participação na Inconfidência Mineira. É Patrono da cadeira nº 8 da Academia Brasileira de Letras.
Cláudio Manuel da Costa nasceu na zona rural de Ribeirão do Carmo, hoje Mariana, em Minas Gerais. Filho de João Gonçalves da Costa, ligado à mineração, e Teresa Ribeira de Alvarenga, natural de Minas Gerais. De família rica, estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro e em 1753 formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra. Em Portugal teve contato com as renovações da cultura empreendida pelo Marquês de Pombal e Verney.
Dedicou-se à poesia, tendo publicado vários folhetos de versos. Depois de formado em Direito, regressou ao Brasil, em 1754, para exercer em Vila Rica, hoje a cidade de Ouro Preto, as funções de advogado e fazendeiro. Entre 1762 e 1765 exerceu o cargo de Secretário do Governo da Capitania.
Cláudio Manuel da Costa iniciou sua carreira literária em 1768, com a publicação de "Obras Poéticas", livro que marca o início do arcadismo no Brasil. O poeta cultivou a poesia lírica e a épica. Na lírica o tema é a desilusão amorosa, na épica sua poesia é inspirada na descoberta das minas, na saga dos bandeirantes e nas revoltas locais.
Cláudio Manuel da Costa tornou-se conhecido também por sua participação na Inconfidência Mineira, movimento pela independência do Brasil, que ocorreu em 1789 em Vila Rica. Os poetas Tomás Antônio Gonzaga, Inácio José de Alvarenga Peixoto, seus companheiros em Coimbra e Joaquim José da Silva Xavier, Joaquim Silvério dos Reis, entre outros, preparavam uma revolta para estabelecer um governo independente de Portugal. Traídos por Joaquim Silvério dos Reis, os conspiradores foram presos.
Cláudio Manuel da Costa foi levado para prisão, no dia 25 de maio de 1789 e encontrado morto no dia 4 de julho do mesmo ano.

Obra de Cláudio Manuel da Costa

Munúsculo Métrico, poesia, 1751
Epicédio, poesia, 1753
Labirinto de Amor, 1753
Números Harmônicos Temperados em
Heroica e Lírica Ressonância, poesia, 1753
Obras Poéticas, poesia, 1768
Vila Rica, poesia, 1839

Encontrado em: https://www.ebiografia.com/claudio_costa/

Edvânya Borduam, Lafânia Xavier e Luciliana Queiroz.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Arcadismo - Tomás Antônio Gonzaga

Lira I 

Eu,Marília, não sou algum vaqueiro,
que viva de guardar alheio gado,
de tosco trato,de expressão grosseiro,
dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
dá-me vinho,legume,fruta,azeite;
das brancas ovelhinhas tiro o leite,
Graças,Marília bela.
graças à minha Estrela!
Resultado de imagem para lira i marilia de dirceu analise
Eu vi o meu semblante numa fonte:
dos anos inda não está cortado;
os Pastores que habitam este monte
respeitam o poder do meu cajado.
Com tal destreza toco a sanfoninha,
que inveja até me tem o próprio Alceste:
ao som dela concerto a voz celeste
nem canto letra,que não seja minha.
Graças,Marília bela.
graças à minha Estrela!

Mas tendo tentos dotes da ventura,
só apreço lhes dou, gentil Pastora,
depois que o teu afeto me segura
que queres do que tenho ser senhora.
É bom, minha Marília,é bom ser dono
de um rebanho , que cubra monte e prado;
porém, gentil Pastora, o teu agrado
vale mais que um rebanho e mais que um trono.
Graças, Marília bela.
graças à minha Estrela!
(...)


                                                                                      Tomás Antônio Gonzaga


Análise

Na lira I, podemos observar várias características presentes no arcadismo, como a simplicidade nas palavras, vocabulário acessível e direto. Nota-se também que Dirceu e sua amada vivem em uma grande harmonia com a natureza. O bucolismo é uma das principais características presente na lira, por apresentar termos ligados a vida no campo. Outro ponto importante é o narcisismo que se encontra presente no verso "Graças a Marília Bela, Graças à minha Estrela!"
O autor deixa bem aparente o jeito claro e direto da sua crítica , mantendo a ordem lógica da escrita.



                                                                                                                                      Caio Eiras 


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Arcadismo - Cláudio Manuel da Costa

Soneto XXII

Resultado de imagem para soneto xxii claudio manuel da costaNeste álamo sombrio, aonde a escura
Noite produz a imagem do segredo;
Em que apenas distingue o próprio medo
Do feio assombro a hórrida figura;

Aqui, onde não geme, nem murmura
Zéfiro brando em fúnebre arvoredo,
Sentado sobre o tosco de um penado
Chorava Fido a sua desventura.

Às lágrimas a penha enternecida
Um rio fecundou, donde manava
D’ânsia mortal a cópia derretida:

A natureza em ambos se mudava;
Abalava-se a penha comovida;
Fido, estátua da dor, se congelava.



Cláudio Manuel da Costa


Análise

O soneto XXII, de Cláudio Manuel da Costa faz parte das "Obras poéticas", na qual contém importantes textos do Arcadismo brasileiro. Segundo Antônio Cândido, os mesmos são divididos em três séries, e o soneto analisado está na que diz a respeito das "angústias amorosas e a morte de Fido".
Nele, o pastor Fido chora por sua desventura, longe de todos. Podemos perceber características árcades, como a do inutilia truncat (o corte do inútil, uma maior simplicidade do texto), a figura do camponês e o campo, a relação com a cultura greco-romana, entre outros.
É apresentado uma série de elementos que poderia formar um quadro bucólico: álamo, arvoredo, Zéfiro (deus greco-romano do vento ocidental), pastor e natureza. Porém, não moldam de fato o  locus amoenos (lugar ameno), um dos pontos do Arcadismo, pelo fato de que todos eles sofrem a melancolia de Fido. Por isso, o álamo é sombrio, o arvoredo é fúnebre e o pastor não ouve nenhum gemido de Zéfiro na noite escura. Além do mais, o personagem não está em harmonia com o meio.
Um ponto importante é que no Arcadismo, há uma visão mais simplificada dos homens e das relações sociais. Porém, o soneto apresenta o contrário, pelo fato do pastor e sua melancolia.
No trecho "A natureza em ambos se mudava", podemos ver a metamorfose, na qual Fido se materializa e a pedra se humaniza. Outra característica da cultura greco-romana.

Vinícius Valadão

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Arcadismo - Basílio da Gama

Trecho de "O Uraguai"

A morte da Lindóia

Um frio susto corre pelas veias
De Caitutu que deixa os seus no campo;
E a irmã por entre as sombras do arvoredo
Busca com a vista, e treme de encontrá-la.
Entram enfim na mais remota e interna
Parte de antigo bosque, escuro e negro,
Onde ao pé de uma lapa cavernosa
Cobre uma rouca fonte, que murmura,
Curva latada de jasmins e rosas.
Este lugar delicioso, e triste,
Cansada de viver, tinha escolhido
Para morrer a mísera Lindóia.
Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva, e nas mimosas flores,
Tinha a face na mão, e a mão no tronco
De um fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica sombra. Mais de perto
Descobrem que se enrola no seu corpo
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge
Pescoço e braços, e lhe lambe o seio.
Fogem de a ver assim sobressaltados, 
E param cheios de temor ao longe;
E nem se atrevem a chamá-la, e temem 
Que desperte assustada, e irrite o monstro,
E fuja, e apresse no fugir a morte.
Porém o destino Caitutu, que treme 
Do perigo da irmã, sem mais demora
Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes
Soltar o tiro, e vacilou três vezes
Entre a ira e o temor. Enfim sacode
O arco, e faz voar a aguda seta,
Que toca o peito de Lindóia, e fere
A serpente na testa, e a boca , e os dentes
Deixou cravados no vizinho tronco.
Açouta o campo co´a ligeira cauda
O irado monstro, e em tortuosos giros
Se enrosca no cipreste, e verte envolto
Em negro sangue o lívido veneno.
Leva nos braços a infeliz Lindóia
O desgraçado irmão, que no despertá-la
Conhece, com que dor! no frio rosto
Os sinais do veneno, e vê ferido
Pelo dente sutil o brando peito.
Os olhos, em que Amor reinava, um dia,
Cheios de morte; e muda aquela língua,
Que surdo vento, e aos ecos tantas vezes
Cortou a larga história de seus males.
Nos olhos Caitutu não sofre o pranto,
E rompe em profundíssimos suspiros,
Lendo na testa da fronteira gruta
De sua mão já trêmula gravado
O alheio crime, e a voluntária morte.
E por todas as partes repetido
O suspirado nome de Cacambo.
Inda conserva o pálido semblante 
Um não sei quê de magoado, e triste,
Que os corações mais duros enternece.
Tanto era bela no seu rosto a morte!
Basílio da Gama

Lindóia (1882), de José Maria de Medeiros



Análise

Do poema de Basílio de Gama "Uraguai" extraiu-se o trecho "A morte de Lindóia" para análise.
O poema como um todo, acontece no contexto histórico em que portugueses e espanhóis lutavam contra os guaranis, sob tutela dos jesuítas. O trecho do poema representado anteriormente, diz respeito à esposa do cacique da tribo, que após este ser assassinado pelo padre de Balda, escolhe morrer por amor à casar-se novamente, e desta vez, com um dos protegidos do assassino, que procurava a dominação da tribo com a união (casamento). 
O texto "O Uraguai" é uma forte representação do gênero épico no arcadismo, com um drama amoroso em seu decorrer: "A morte de Lindóia". O poema traz fortes características árcades, como a exaltação da natureza, com uma riqueza em detalhes, e a exaltação da essência natural do homem, ou seja, que possui uma relação harmônica com a natureza. Essa característica parece ter sido representada pelo indígena, pelo qual o autor demonstra grande sensibilidade. Há também uma forte crítica presente no texto em relação aos padres jesuítas da Companhia de Jesus, que no contexto histórico havia sido expulsa.
Luciliana Queiroz

domingo, 30 de outubro de 2016

Arcadismo - Claudio Manuel da Costa

XCIX

Parece, ou eu me engano, que esta fonte
De repente o licor deixou turvado;
O céu, que estava limpo e azulado,
Se vai escurecendo no horizonte:


Porque não haja horror, que não aponte
O agouro funestíssimo, e pesado,
Até de susto já não pasta o gado;
Nem uma voz se escuta em todo o monte.

Um raio de improviso na celeste
Região rebentou; um branco lírio
Da cor das violetas se reveste;


Será delírio! não, não é delírio.
Que é isto, pastor meu? que anúncio é este?
Morreu Nise (ai de mim!) tudo é martírio.

   Claudio Manuel da Costa

Análise:
No soneto XCIX percebe-se que aquelas paisagens ensolaradas, tipicamente árcades, dão lugar a um visual que vai, aos poucos, tornando-se escuro e melancólico, o poema torna-se desta forma pois a musa do pastor morreu, não só ele se lamenta mas também toda a natureza.
Esse texto é lírico e se usa o bucolismo que é um gênero literário poético em que se exalta a vida no campo, a simplicidade e ingenuidade dos costumes, a tranquilidade e riqueza do contato com a natureza, e os hábitos peculiares dos pastores.



Edvânya Borduam

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Barroco - Questões de Vestibulares Anteriores

ENEM 2014 
Questão 111

Quando Deus redimiu da tirania
Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
Páscoa ficou da redenção o dia.
Páscoa de flores, dia de alegria
Àquele povo foi tão afligido
O dia, em que por Deus foi redimido;
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.
Pois mandado pela Alta Majestade
Nos remiu de tão triste cativeiro,
Nos livrou de tão vil calamidade.
Quem pode ser senão um verdadeiro
Deus, que veio estirpar desta cidade
o Faraó do povo brasileiro.
(DAMASCENO, D. Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: 2006)
Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por
(A) visão cética sobre as relações sociais.
(B) preocupação com a identidade brasileira.
(C) crítica velada à forma de governo vigente.
(D) reflexão sobre dogmas do Cristianismo.
(E) questionamento das práticas pagãs na Bahia.


ENEM 2012 
Questão 131

Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela:

    A) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação.
    B) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais.
    C) simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino.
    D)personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares.
    E) singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas.






 Fatec – SP

No colégio dos padres, Gregório de Matos escreveu: 
“Quando desembarcaste da fragata, meu dom Braço de Prata, cuidei, que a esta cidade tonta, e fátua*, mandava a Inquisição alguma estátua, vendo tão espremida salvajola* visão de palha sobre um mariola*”.
Sorriu, e entregou o escrito a Gonçalo Ravasco. 
Gonçalo leu-o, gracejou, entregou-o ao vereador.
O papel passou de mão em mão.
“A difamação é o teu deus”, disseram, sorrindo.
(Ana Miranda, Boca do Inferno)
(*fátua: tola;*salvajola: variante de “selvagem”; *mariola: velhaco)
O trecho ilustra:

a) a poesia erótica de Gregório de Matos, inspirada na vida nos prostíbulos da cidade da Bahia e que deu origem à alcunha do poeta, “Boca do Inferno”.
b) a poesia lírica de Gregório de Matos, voltada para a temática filosófica, em linguagem marcada pelos recursos da estética barroca.
c) a poesia satírica de Gregório de Matos, dedicada à descrição fiel da sociedade da época, utilizando recursos expressivos característicos do barroco português.
d) a poesia erótica de Gregório de Matos, caracterizada pela crítica aos comportamentos e às autoridades baianas da época colonial.
e) a poesia satírica de Gregório de Matos, que representa, no conjunto de sua obra, uma fuga aos moldes barrocos e ataca, no linguajar baiano da época, costumes e personalidades.


UNICAMP
A arte colonial mineira seguia as proposições do Concílio de Trento (1545-1553), dando visibilidade ao catolicismo reformado. O artífice deveria representar passagens sacras. Não era, portanto, plenamente livre na definição dos traços e temas das obras. Sua função era criar, segundo os padrões da Igreja, as peças encomendadas pelas confrarias, grandes mecenas das artes em Minas Gerais.
(Adaptado de Camila F. G. Santiago, “Traços europeus, cores mineiras: três pinturas coloniais inspiradas em uma gravura de Joaquim Carneiro da Silva”, em Junia Furtado (org.), Sons, formas, cores e movimentos na modernidade atlântica. Europa, Américas e África. São Paulo: Annablume, 2008, p. 385.)
Considerando as informações do enunciado, a arte colonial mineira pode ser definida como:

a) renascentista, pois criava na colônia uma arte sacra própria do catolicismo reformado, resgatando os ideais clássicos, segundo os padrões do Concílio de Trento.
b) barroca, já que seguia os preceitos da Contrarreforma. Era financiada e encomendada pelas confrarias e criada pelos artífices locais.
c) escolástica, porque seguia as proposições do Concílio de Trento. Os artífices locais, financiados pela Igreja, apenas reproduziam as obras de arte sacra europeias.
d) popular, por ser criada por artífices locais, que incluíam escravos, libertos, mulatos e brancos pobres que se colocavam sob a proteção das confrarias.



UFRGS - 2005

Quanto ao período barroco e seus representantes na literatura colonial brasileira, é correto afirmar que
A) os sermões de Antônio Vieira apresentam uma retórica complexa pela exuberância de imagens e pelos postulados morais e religiosos.
B)  a obra de Gregório de Matos se distingue pela sua unidade temática, expressa por um tom satírico.
C) a poesia irreverente de Gregório de Matos satiriza diferentes tipos sociais, exceção feita aos representantes da Igreja.
D) o predomínio dos valores transcendentais, motivados pela Reforma, marca o estilo barroco da obra de Vieira.E) Gregório de Matos se ateve ao uso da língua culta da Metrópole, ao contrário de Vieira, que utilizou termos indígenas, africanos e populares.




Gabarito oficial:

ENEM 2014
Questão 111 _ C

Comentário:
O texto de Gregório de Matos apresenta uma intertextualidade clara com as Sagradas Escrituras. Para resolver a questão, o candidato deve recordar as características da poética daquele escritor. O poeta barroco utilizava sua literatura como meio de criticar a sociedade de sua época, ainda que o fizesse por meio de metáforas, como ocorre no texto acima.


ENEM 2012
Questão 131 _ D

Comentário : As esculturas barrocas no Brasil têm forte influência do rococó europeu. As obras sacras de Aleijadinho distinguem-se das demais por apresentar características particulares das esculturas inspiradas nas pessoas do povo.





Fatec – SP
Resposta correta _ E

Comentário: 
A produção satírica de Gregório, além da alcunha de “Boca do Inferno”, valeu-lhe o degredo por estar em desacordo com o ideário Barroco.





UNICAMP
Resposta correta _ B
Comentário: As artes plásticas do barroco, no Brasil, só desenvolveram grande impulso, no século XVIII, também conhecido como “século do ouro”. Nesse período, as igrejas seguiam as influências barrocas em sua construção, junto aos preceitos da Contrarreforma, com o intuito de reforçar o sentimento religioso, o que confirma a letra B. As letras A, C e E estão erradas porque, nas artes plásticas, as obras seguiam as demandas de corporações eclesiásticas e voltava-se também à exigência de um público aristocrático.


UFRGS 2005
Resposta correta _ A


Comentário: Os sermões de Vieira representam a complexidade do Barroco.Vieira era um homem preocupado com os problemas de sua época, tanto sociais como religiosos. Partindo sempre de um fato real, cotidiano, chamava o ouvinte para o seu dever de pensar e de reagir, valendo-se de um eletrizante processo de convencer e despertar consciências.  Há em suas obras, o uso de uma linguagem lúdica, com construções sintáticas engenhosas que apelam não somente para a razão, mas para os sentidos do ouvinte.


Bruno Coutinho e Caio Eiras