sábado, 12 de novembro de 2016

Cartas Chilenas - Arcadismo

Cartas Chilenas

Resultado de imagem para cartas chilenasDe Tomás Antônio Gonzaga, Cartas Chilenas é um conjunto de treze poemas escritos em versos decassílabos e em branco (sem rimas),que circularam por Vila Rica pouco antes da Inconfidência Mineira, em 1787 e 1788. A linguagem utilizada é satírica, irônica e, por vezes, até agressiva. Durante muito tempo, estudiosos pesquisaram sobre o autor da obra, pois ela está em anonimato. Porém, hoje já temos mais informações.
Infelizmente, das treze cartas, apenas seis estão completas, enquanto sete só restaram fragmentos.
Ela gira em torno da injustiça, da corrupção, da tirania, abusos de poder, má administração do governo, cobrança de altos impostos, narcisismo dos governantes e os casos de nepotismo (favorecimento dos vínculos de parentescos nas relações políticas), todos eles em Vila Rica. No entanto, a cidade é descrita como Santiago. Minas Gerais como Chile. E Portugal como Espanha. As mudanças não param por aí, pois os nomes dos personagens também são trocados. Gonzaga, o remetente, na obra é chamado de Critilo. Cláudio Manuel da Costa, o destinatário, é Doroteu. E Luís Cunha Menezes, o governador, é Fanfarrão Minésio.
Além de suas críticas, as Cartas Chilenas apresentam um interessante quadro dos costumes da época e um registro de que a corrupção estava aqui presente desde os tempos de colônia.


Sobre as cartas


Carta 1.ª: Em que se descreve a entrada que fez Fanfarrão em Chile.

"Amigo Doroteu, prezado amigo,
Abre os olhos, boceja, estende os braços
E limpa das pestanas carregadas
O pegajoso humor, que o sono ajunta.
Critilo, o teu Critilo é quem te chama;
Ergue a cabeça da engomada fronha
Acorda, se ouvir queres coisas raras, (...)"
                                                              
"Ah! pobre Chile, que desgraça esperas!
Quanto melhor te fora se sentisses
As pragas, que no Egito se choraram,
Do que veres que sobe ao teu governo
Carrancudo casquilho, a quem rodeiam
Os néscios, os marotos e os peraltas!
Seguido, pois, dos grandes entra o chefe
No nosso Santiago, junto à noite.
À casa me recolho e cheio destas
Tristíssimas imagens, no discurso
Mil coisas feias, sem querer, revolvo.
Por ver se a dor divirto, vou sentar-me
Na janela da sala e ao ar levanto
Os olhos já molhados. Céus, que vejo!
Não vejo estrelas que, serenas, brilhem,
Nem vejo a lua que prateia os mares:
Vejo um grande cometa, a quem os doutos
Caudato apelidaram. Este cobre
A terra toda co' disforme rabo."

Podemos perceber que é apresentado ao leitor o novo governante, Fanfarrão, e é nítido que o remetente deixa claro que Fanfarrão é inadequado para exercer tal cargo. Nessa carta tudo gira em torno da chegada do governador em Santiago (Vila Rica) e sua prepotência ao tratar as pessoas da região.

Carta 2.ª: Em que se mostra a piedade que Fanfarrão fingiu no princípio do seu governo, para chamar a si todos os negócios. Descrição sobre a centralização dos negócios do governo.

Carta 3.ª: Em que se contam as injustiças e violências que Fanfarrão executou por causa de uma cadeia, a que deu princípio.


"Agora, Doroteu, ninguém passeia,
Todos em casa estão, e todos buscam
Divertir a tristeza, que nos peitos
Infunde a tarde, mais que a noite feia. (...)"

"Pretende, Doroteu, o nosso chefe
Erguer uma cadeia majestosa,
Que possa escurecer a velha fama
Da torre de Babel e mais dos grandes,
Custosos edifícios que fizeram,
Para sepulcros seus, os reis do Egito."


É relatado as injustiças feitas por causa da construção de uma cadeia, sendo esta tida como inadequada para a região por ter sido erguida pela mão de obra escrava. Também é observado o tratamento de Fanfarrão para com os habitantes daquela região, que eram humilhados e desprezados por ele.

Carta 4.ª: Em que se continua a mesma matéria. Descrição de injustiças e violências do governador.

Carta 5.ª: Em que se contam as desordens feitas nas festas que se celebraram nos desposórios do nosso sereníssimo infante com a sereníssima infanta de Portugal. Festa de casamento do governador.

Carta 6.ª: Em que se conta o resto dos festejos. Descrição sobre as confusões causadas na festa de casamento.

Carta 7.ª: Sem subtítulo, a sétima carta aponta sobre as decisões do governador fanfarrão.

Maldito, Doroteu, maldito seja
O pai de Fanfarrão, que deu ao mundo,
Ao mundo literário tanta perda,
Criando ao hábil filho numa corte,
Qual morgado, que habita em pobre aldeia!


É mostrado a ignorância de Fanfarrão que desperta ódio ao transgredir as leis que regulam a concessão de áreas para extração de ouro, trazendo benefícios a quem convém e malefícios a quem deseja proceder corretamente.

Carta 8.ª: Em que se trata da venda dos despachos e contratos. De maneira irônica, o autor descreve sobre as corrupções do governador.

Carta 9.ª: Em que se contam as desordens que Fanfarrão obrou no governo das tropas. Descrição das desordens do governo.

Carta 10.ª: Em que contam as desordens maiores que Fanfarrão fez no seu governo. Como sequência da nona carta, o autor descreve as maiores desordens do governo.

Carta 11.ª: Em que se contam as brejeirices de Fanfarrão. Descrição dos métodos maliciosos do governador.

Carta 12.ª: Sem subtítulo, a décima carta aponta para o nepotismo do governo, ou seja, o favorecimento de pessoas próximas ao governador.

Carta 13.ª: Sem subtítulo, a última carta ficou inacabada. No trecho existente, o autor descreve sobre o sistema e a perversidade do governo.

Fontes: https://www.todamateria.com.br/cartas-chilenas/
             https://www.algosobre.com.br/resumos-literarios/cartas-chilenas.html
             http://www.soliteratura.com.br/arcadismo/arcadismo03.php


Diana Simen e Vinícius Valadão

7 comentários:

  1. Muito bem, pessoal! Porém, vocês devem colocar referência. Onde pesquisaram para obter essas informações.

    Também gostaria de ver comentários dos integrantes, para ter certeza de que todos entenderam as Cartas Chilenas.

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  2. As cartas chilenas foi escrita versos decassílabos, Gonzaga escreveu as cartas contando para um amigo, dos absurdos que ocorriam na cidade de Santiago. Pode-se perceber claramente que por conta de algumas circunstâncias que Gonzaga não referia-se a Santiago, mas sim Vila Rica e que seu amigo era Cláudio Manuel da Costa.
    As cartas refere-se as coisas absurdas que o "Fanfarrão" do Cunha Meneses praticou em seu governo, como injustiças e violência. Essas cartas percorreram por toda Vila Rica antes da Inconfidência Mineira.

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  3. As cartas denunciam as irregularidades políticas ocorridas no governo da época. Gonzaga com pseudônimo de Critilo finge escrever do Chile, contando a um amigo os abusos do governo, na cidade de Santiago. Mas percebe-se pelas circunstâncias relatadas que o país não é Chile, mas retrata Minas Gerais; que a cidade não é Santiago, mas Vila Rica e que o amigo é Cláudio Manuel da Costa, cujo pseudônimo é Doroteu, e que os abusos estavam acontecendo no governo de Cunha Meneses. Esta obra também pode ser comparada segundo outros aspectos tratados pelos escritores nas sátiras, como o tratamento dado à religião, ao povo, à lei e à classe política. O texto de Cartas Chilenas é anônimo e permaneceu inédito até 1845. O anonimato se justifica, pois o contexto histórico em que foram escritas as cartas levaria tal autor à pena de morte, certamente.

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  4. As Cartas Chilenas são um conjunto de treze cartas escritas por Tomás Antônio Gonzaga.
    As cartas criticam o governo de Vila Rica,para que o governo não perceba essas criticas Tomás Antônio Gonzaga no lugar de Vila Rica ele colocou Santiago e no lugar de Minas Gerais ele colocou Chile ou seja Antônio Gonzaga utilizava pseudônimo.
    As Cartas Chilenas eram destinadas a Cláudio Manuel da Costa que nas cartas é chamado de Doroteu.

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  5. As cartas chilenas eram um mode de crítica ao governo, contando suas injustiças. Nelas mostravam toda a pobreza em Vila Rica, enquanto as riquezas eram mandadas para Portugal.

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  6. Nas Cartas Chilenas, Tomás Antônio Gonzaga critica o governo de Fanfarrão de forma indireta. A intenção dessas cartas era falar sobre a má organização de Vila Rica, colocando pseudônimos para não ser identificado. Percebi que essa estratégia é totalmente contrário aos textos de Gregório de Matos no barroco, nos quais escrevia de forma bem clara sua intenção. Tomás usa o pseudônimo de Doroteu para Cláudio Manuel da Costa e, em vez de falar Vila Rica e Minas Gerais, usa Santiago e Chile, respectivamente. Ele usa esses pseudônimos devido ao momento pelo qual o estado mineiro estava passando: a Inconfidência Mineira.
    Aluna: Luciliana Queiroz, turma D.

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