sábado, 19 de novembro de 2016

Cláudio Manuel da Costa - Arcadismo

Vila Rica - Canto VII

"Ouve Garcia o canto, e não atina
 De onde tanto prodígio,mas de Eulina
 A delicada face está patente:
 Fita os olhos, e vê desde a corrente
 Lançar a mão à praia a Ninfa bela,
 Toma uma areia de ouro, e já com ela
 Pulveriza os cabelos: neste instantes,
 O sonho de Albuquerque o faz avante
 Passar, os braços abre, a Ninfa chama;
 Ela o vê, e não teme, e já se inflama
 De amor por ele: aos braços o convida,
 E abrindo o seio o rio,uma luzida
 Urna de fino mármore os sepulta
 Recebendo-os em si: ficou oculta
 A maravilhosa a quantos o acompanham.
 Em busca de Garcia já se estranham
 Pelo matos mais densos; mas perdida
 A esperança de achá-lo e recolhida
 Volta ao herói a esquadra aventureira."

                                                                                                          Cláudio Manuel da Costa 

Análise 

Poema Vila Rica teve uma estrutura realizada quando Albuquerque começa sua viagem pelo interior de Minas e fica diante de desconhecidos, mas a medida que conhece os segredos da terra, descobre o lugar ideal para fundar sua cidade.
 O poema, vem a desnortear o leitor pela construção de várias narrativas que de súbito se interrompem, mas depois retomam o fio.
 O poema tem um enredo que foge dos padrões clássicos, exatamente por te uma estrutura de rapsódia.
   Analisamos que a bela Ninfa trai o Garcia o aventureiro e o mata com seu canto, sua beleza , que desaparece enquanto a esquadra continua a sua procura pelos  matos mais densos sem saber que ele já estava perdido e morto nos braços dela nas águas .
   Então, percebemos  que Ninfa é uma figura mitológica que tem semelhança com o mito indígena da mãe d'água , que encanta Garcia e o leva para o fundo do mar.
 Podemos  observa as seguintes características: a objetividade ; pastoralismo os poemas do arcadismo apresenta clareza na leitura, uma escrita mais simples; no arcadismo tem também a expressão em latim bem usada '' Inutilia truncat" que significa "corte o inútil" e retira os excessos que eram praticados no Barroco.
   
                                                                                                   Lafânia Xavier 

7 comentários:

  1. Percebo que Cláudio Manuel tenta valorizar a terra brasileira e sua cultura existente, mas de acordo com os padrões clássicos (grego-romanos) da seguinte maneira: como já foi dito na análise, Eulina é uma figura mitológica criada com semelhança no mito da mãe d'água, sendo este indígena. Com a criação de Eulina, também podemos notar a valorização de uma musa nesse poema.
    Outros pontos importantes para citarmos é a presença de linguagem mais simples com a intenção de alcançar seu objetivo sem muitos exageros na escrita e o pastoralismo, em que encontramos um cenário onde é evidente a simplicidade, a natureza, o rio.
    Sobre Eulina atrair Garcia com seu canto, podemos imaginar o carpe diem presente, em que ela o chama para que possam aproveitar o momento e os tesouros escondidos no fundo dos rios, e também poderíamos dizer que ambos fogem da cidade (fugere urbem) ao se deixarem levar pelas profundezas dos rios.

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  2. Em 1773, Cláudio Manuel da Costa escreveu "Vila Rica", o qual se trata principalmente das jornadas bandeirantes nas terras mineiras, fundando várias cidades. No canto VII do próprio, vemos a história de uma Ninfa chamada Eulina atrair Garcia para seu lar, no rio.
    Realmente, seria um pouco difícil deixar de lado a ideia de que o autor não queria passar alguns valores greco-romanos (uma característica árcade) valorizando a cultura brasileira. Exemplo disso é o caso da história da Ninfa ter semelhança com a da mãe d'água. Assim, ele criava figuras híbridas, que tiveram um importante papel, já que faziam o olhar dos leitores voltar mais um pouco para a própria cultura brasileira, a valorizando.
    Não podemos nos esquecer que o poema também possui outras características árcades, como o já dito "inutilia truncat", que é a simplificação dos textos e o "carpe diem", aproveitar o dia.

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  3. Concordo com sua análise, pois ao ler Vila Rica - Canto VII de Cláudio Manuel da Costa percebe-se que se trata das jornadas bandeirantes por Minas Gerais.
    Podemos ver várias características do arcadismo no texto de Cláudio Manuel da Costa como exemplo inspiração greco-romana, que podemos ver quando se fala da Ninfa que e uma criatura da mitologia grega que vive nos rios.

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  4. Neste poema há uma exaltação clara dos feitos dos bandeirantes, que fundaram diversas cidades na região mineira.
    A associação entre a mitologia helênica com aspectos da selva brasileira expressa uma tentativa de valorização da terra. A figura híbrida que aparece - a ninfa - tem semelhança, como já foi dito, com o mito indígena da mãe d'água, pois ela encanta Garcia e o leva para o fundo do rio, onde esconde seus tesouros. Ela se assemelha com a sereia indígena Iara.

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  5. Concordo plenamente com a análise, pois trata dos bandeirantes, que fundaram várias cidades, onde Vila Rica era a antiga denominação da cidade de Ouro Preto.Desenvolveu-se a partir da mineração, isso trouxe muitas pessoas para a cidade de Vila Rica,artista, artesãos europeus todos em busca de ouro.
    O poema apresenta muitas características como, "inuilia truncat" que é a simplicidade nos texto, greco-romana como a Ninfa que é uma criatura da mitologia grega e por fim o "carpe diem" que significa aproveitar a vida.

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  6. Concordo com a análise apresentada. Nesse poema há exaltação dos feitos dos bandeirantes, fundadores de diversas cidades da região mineira, além de narrar a história da atual Ouro Preto. Tem-se uma poesia “épica”. Há presenças míticas de personagens -a Ninfa e Eulina- cujas características foram tiradas do original grego, porém com traços e nomes provenientes da cultura indígena. Apresenta também aspectos dos textos árcades como fugere urbem, inutilia truncat e carpe diem.

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  7. Muito bem, pessoal! Desculpe a demora!

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