sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Barroco - Gregório de Matos

A Jesus Cristo Nosso Senhor
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Antes, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida já cobrada,
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
 Gregório de Matos


Análise
No soneto acima pode-se destacar a necessidade do eu-lírico em conseguir remissão de seus pecados. O ambiente cristão do período barroco está claramente presente no texto.
Na primeira estrofe, o eu-lírico (pecador) admite que pecou, mas que isso não irá impedi-lo de suplicar o perdão de Deus, pois mesmo cometendo muitas faltas, Ele o perdoa.
Vemos, na segunda estrofe, que o pecador engrandece o poder misericordioso de Cristo tanto nas pequenas quanto nas grandes faltas.
O autor faz referência, na terceira, ao que está escrito na Bíblia, onde a ovelha perdida é o homem pecador. Jesus Cristo teria prazer em perdoar um filho arrependido.
Na última estrofe, o eu-lírico compara-se à ovelha, que precisa ser devolvida ao rebanho e suplica para que o Pastor Divino o perdoe, pois faz parte de sua obra, e se não o perdoasse, esta poderia se acabar.
Luciliana Queiroz

10 comentários:

  1. Corcordo totalmente com a análise do poema, pois vemos que o eu-lírico pecou, e que depois deste ato, começou a procurar a misericórdia de Deus, pelo fato de fazer parte da obra divina. Tanto que faz referência à uma parte da Bíblia na qual diz que Deus teria tanta misericórdia e amor por seu rebanho (nós), que iria busca até mesmo uma única ovelha que se perdesse (que no contexto seria o eu-lírico).

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  2. Concordo plenamente com a análise proposta no poema,pois na primeira estrofe mostra que o eu-lírico arrependeu-se verdadeiramente de seus pecados, na Bíblia diz: "O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que confessa e deixa, alcançará a misericórdia".
    Na terceira estrofe o eu-lírico roga a Deus, que o perdoe através da sua luz, que o salvaria.Parece que eu-lírico estaria perto de sua morte, e queria sua salvação, depois de ter levado uma longa vida de fé.

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  3. Concordo com a análise do poema,por dizer que o pecador precisa do perdão e ele passa a reconhecer seus próprios erros,o que fez muita diferença,fazendo que no poema ele suplique por misericórdia e acredite no perdão de Deus.Ele se considera a ovelha desgarrada pelo fato de fazer parte da obra de Deus,que não desiste nunca dos pecadores,como na Bíblia mostrou que Deus não desistiu da ovelha.

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  4. Concordo com sua análise. Pois ao ler esse soneto pude perceber que o eu-lírico sabe que cometeu alguns pecados e não desistirá de conseguir o perdão de Deus.
    Percebe-se que o eu-lírico engradece o poder de Deus, pois ele (Deus) consegue perduar as grandes e pequenas causas. O eu-lírico se compara a um ovelha perdida e diz que essa ovelha deve ser resgatada para voltar ao rebanho do pastor (Deus) e diz que o céu se alegraria em receber um pecador que se arrependeu e pediu perdão a Deus.

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  5. Gostei da análise da Luciliana, abrange todos os aspectos que detectei no texto, faz se entender melhor a conversa do pecador com Deus, envolvendo partes complexas que o soneto descreve.

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  6. Este soneto é um tanto complexo. Depois de pesquisar sobre ele, tenho uma dúvida... o eu-lírico (descrito nesta análise) está arrependido ou já tem a certeza de que será perdoado por Deus, uma vez que usa uma passagem bíblica mostrando a sua misericórdia ?

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  7. Essa foi uma ótima questão levantada!
    Na minha opinião, o eu-lírico está realmente arrependido e por isso suplica o perdão e ao mesmo tempo, tem certeza que Deus irá aceitar seu arrependimento, por ser misericordioso.
    Mas realmente eu não consegui chegar a um consenso nesta última estrofe, e creio que tenha deixado passar à minha análise que o eu-lírico utiliza-se de uma passagem da Bíblia para favorecer e reforçar que ele tem de ser perdoado para que a obra e o título de "Deus misericordioso" continuem inabalados.
    Espero ter esclarecido sua dúvida!

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    1. Gregório de Matos também mostra em seus textos, um eu lírico que se comporta como advogado e que faz a sua própria defesa diante de Deus, usando passagens bíblicas por exemplo, por esta razão que fiz tal pergunta.
      Esclareceu minha dúvida sim! :)

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  8. Que blog lindo, pessoal! Estou gostando muito das discussões. Continuem assim. Em relação à dúvida que surgiu, observem: na última estrofe, Gregório chantageia Deus. Se Deus não o perdoasse, perderia a sua Glória porque Deus só existe como divindade porque existem os pecadores para serem perdoados. Ele se mostra bastante atrevido ao se referir a Deus dessa forma.

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  9. Uma dica: nas próximas análises, tentem relacionar as características do Barroco ao texto apresentado.

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